O baixo crescimento dos anos recentes, a recessão deste e do próximo ano, a incapacidade de gestão do Estado e a balbúrdia nas contas públicas estão se refletindo diretamente no dia a dia das pessoas. Os efeitos vêm na forma de desemprego, aumento da violência, falência da estrutura de proteção social e cortes profundos em áreas como saúde e educação.
Famílias que haviam melhorado seu rendimento e ascendido socialmente já estão voltando à pobreza. Segundo estudo feito pela Tendências Consultoria, 3 milhões delas devem retroceder às classes D e E até 2017. O “país de classe média” que o PT não se cansou de alardear – e ainda alardeia – nunca existiu.
Em termos de renda por habitante, teremos mais uma década perdida. De acordo com cálculos de Armando Castelar, da FGV, o indicador estará em 2020 no mesmo nível em que estava em 2010. Em dólar, a queda será ainda mais pronunciada, chegando a 50% até o fim deste ano na comparação com 2011.
O que as estatísticas econômicas apontam, os brasileiros sentem no dia a dia. O primeiro efeito é no emprego. A mais recente rodada da Pnad Contínua mostra que o número de desempregados aumentou em 2 milhões de pessoas no trimestre terminado em agosto, na comparação com mesmo período de 2014.
Como uma correia de transmissão, a falta de trabalho alimenta diretamente a criminalidade. Os levantamentos mais recentes – como os do Fórum Brasileiro de Segurança Pública – mostram uma onda de violência na forma de alta nas taxas de homicídios, principalmente em estados do Nordeste. As principais vítimas são negros e jovens.
O Estado revela-se impotente diante da desestruturação social. Os repasses de recursos públicos para as prefeituras minguaram e comprometeram ações e políticas nas áreas de assistência social, saúde e educação. Na hora em que mais precisa do apoio do governo, a população não encontra.
Nos últimos anos, os governos petistas se contentaram em fazer a gestão diária da pobreza. Jamais se preocuparam em perseguir estratégias de superação definitiva das privações ainda enfrentadas por milhões de brasileiros. Política social se faz ultrapassando o mero distributivismo. O brasileiro quer autonomia para caminhar com as próprias pernas, para que não viva à mercê de quem pretende tê-lo apenas como eterna massa de manobra.