A Parceria Transpacífico (ou TPP na sigla em inglês) reunirá 40% do PIB mundial, num mercado formado por quase 800 milhões de consumidores. Além dos EUA, integram o bloco Japão, Austrália, Nova Zelândia, Canadá, México, Chile, Peru, Malásia, Cingapura, Brunei e Vietnã. Também devem aderir em breve Taiwan, Filipinas e Coreia do Sul.
As tarifas de 90% dos bens comercializados entre eles cairão a zero. O acordo também harmoniza regulamentos em diversas áreas, como tecnologia, investimentos, social, trabalhista, ambiental e sanitária. Quem estiver fora desta imensa área de convergência tende a ver os bens e serviços que produz perderem clientes.
De cara o Brasil verá o mercado para seus produtos no exterior – que já vem minguando, com queda de 19% na nossa corrente de comércio neste ano até agosto – se encolher ainda mais. Estima-se que o TPP reduza as exportações brasileiras em pelo menos 2,7%, segundo estudo da FGV.
Um terço das exportações brasileiras de manufaturados vai hoje para países do TPP e metade das vendas externas do agronegócio brasileiro seguem para a Ásia. Ambas tendem a ser especialmente afetadas e severamente reduzidas.
O TPP exigiu trabalho e dedicação. Levou oito anos para ser negociado e representa também um lance ousado de geopolítica. Seu objetivo mais evidente, além de catapultar o comércio naquela área do globo, é bloquear os avanços da China. A onda da globalização desloca-se para o Pacífico, escreve Marcos Sawaya Jank na Folha de S.Paulo.
Note-se que três de seus membros (Chile, México e Peru) também já haviam firmado a Aliança do Pacífico, bem aqui do nosso lado. O quarto integrante deste bloco latino-americano, a Colômbia, também se prepara para ingressar no TPP. Enquanto isso, o que fez o Brasil?
Sob o PT, o país amarrou-se ainda mais ao carcomido Mercosul, ocupando-se de engrossar o bloco sub-regional com o ingresso de potências econômicas como a Bolívia (onde há dois anos não tínhamos sequer embaixador) e a Venezuela (o país que terá uma das maiores recessões no mundo neste ano). Para comparar: enquanto o Mercosul movimenta trocas de US$ 50 bilhões, os países do TPP comercializam entre si US$ 2 trilhões anuais.
Além disso, também a negociação de um acordo de comércio com a União Europeia arrasta-se desde o fim do século passado, longe de chegar a bom termo – apenas para recordar, uma das razões para os fracassos foi a recusa da Argentina de Cristina Kirchner de apresentar suas propostas, bloqueando todo o bloco. Os europeus entabulam um acordo com os EUA, o que, uma vez concluído, fechará de vez as portas do comércio global para o Brasil.
Nos últimos anos, o governo brasileiro fechou apenas três acordos comerciais, com Egito, Palestina e Israel. A participação do país no comercial internacional é cadente e deve diminuir ainda mais, caindo abaixo de 1%. Além disso, como mostrou o recém-publicado ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial, o Brasil tem uma das três piores relações entre exportações e PIB em todo o mundo.
O produto brasileiro vem perdendo competitividade, dada a baixa produtividade e os insanáveis problemas de infraestrutura, logísticos e regulatórios internos. A orientação dada pelos governos petistas à política econômica e de comércio exterior apartou o país do resto do mundo e afastou nossas empresas das cadeias globais de produção. Com o TPP, evidencia-se o que tem sido percebido a olhos vistos: o Brasil transformou-se num pária no mundo.