A sociedade brasileira parece não querer discutir um relevante tema para a política nacional: a relação do dinheiro subtraído pelo PT nas estatais e extorquido de grandes empresas, no Mensalão e Petrolão, e sua representação política nos parlamentos e nos executivos do país.
Não pairam mais quaisquer dúvidas de que ao longo dos treze anos em que se apossou do Estado brasileiro, o PT desviou recursos públicos e privados para irrigar suas campanhas eleitorais municipais, estaduais e federais, participando do pleito com assombrosa vantagem sobre seus oponentes, que seguiram as regras eleitorais.
Em outras palavras, enquanto os demais partidos e candidatos participavam do pleito com recursos lícitos e declarados, o PT e seus candidatos usufruíam dos cargos ocupados por seus companheiros militantes para arregimentar recursos ilícitos – alguns declarados legais posteriormente e transformados em “doações” de empresas na contabilidade eleitoral – e ganhar as eleições.
Dois insuspeitos depoimentos no decorrer deste mês reforçam essa constatação e trazem mais dados e esclarecimentos a um debate, que precisa ganhar as ruas, a opinião pública e os formadores de opinião.
Um deles é do juiz Sergio Moro, que em sua sentença condenatória do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e outros asseclas, disse, literalmente, que depois de analisar as doações de empresas e empresários investigados na Lava Jato: “chama a atenção que, para alguns períodos, elas aparentam ser alguma espécie de parcelamento de uma dívida… do que propriamente a realização de doações eleitorais espontâneas”.
Bingo!
No esquema de corrupção do Petrolão, as empresas eram achacadas, obrigadas a dar doações contínuas e permanentes para o PT e assim ganhar os vultosos contratos que sempre são realizados pela Petrobras. Depois, repassavam valores que cristalizavam as propinas, transformadas em doações eleitorais.
Simples assim.
Ora, considerando que o Mensalão foi revelado no começo de 2004 e que depois desse ano foram realizadas pelo menos seis eleições municipais, estaduais e/ou federais, as ultimas já sob a égide do Petrolão, não há como não duvidar da lisura dos mandatos conseguidos pelos petistas, com honrosas e poucas exceções.
Outro depoimento, não menos contundente, foi o do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que sem meias palavras afirmou que o PT defende o fim de doações empresariais a campanhas eleitorais simplesmente porque não precisa mais delas.
Segundo o ministro do STF, o PT é beneficiário de recursos “bilionários” desviados da Petrobras, suficientes para custear, “sem novos pixulecos”, suas campanhas até 2038, perpetuando a maracutaia em favor de seus candidatos.
Alguém duvida disso?
O que mais impressiona é a reação da direção nacional do PT que insiste em se negar a fazer qualquer autocrítica e ainda se solidariza com seus militantes condenados, presos, encarcerados, como os seus dois últimos tesoureiros.
A resposta, como sempre, será dada nas urnas e sem dinheiro sujo de campanha.
*Solange Jurema é presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB