As declarações foram dadas durante o seminário “Caminhos para o Brasil”, promovido pelo PSDB e pelo Instituto Teotônio Vilela (ITV) para discutir alternativas para a crise econômica que o país enfrenta.
Para Fraga, por conta do modelo adotado pela presidente Dilma Rousseff, o declínio da economia era previsível. “O que não era previsível era que, ao longo do tempo, essa aposta errada fosse dobrada, ao invés de corrigida”, disse. Ele salientou que a consequência da ação de um governo que “defende interesses partidários e tem se mostrado incapaz de lidar com a distribuição desigual da renda” é o Estado agigantado, com carga tributária de quase 36%.
“É um Estado que está doente. Tem se mostrado extremamente ineficaz em entregar os serviços que as pessoas desejam, apesar do quanto se gasta. É um Estado que está semiquebrado, com dívida próxima a 70% do Produto Interno Bruto (PIB). Não precisa ser um doutor em matemática para saber que essa progressão geométrica é muito perigosa”, avaliou.
Problemas internos
Segundo o ex-presidente do Banco Central, os problemas que levaram o Brasil à recessão são internos. “A América Latina cresceu mais do que o dobro do Brasil nos últimos cinco anos”, exemplificou. “Temos problemas ligados à produtividade, que incluem o sistema de educação, o sistema tributário, questões trabalhistas, alocação de capital. Não surpreendentemente, temos juros altíssimos, e pouco investimento. O que deveria ser a locomotiva do crescimento, virou uma barreira”, considerou.
Armínio Fraga acrescentou que a atual situação do Brasil é emergencial, mas que o governo tenta “tapar o sol com a peneira”.
“Essa situação é absolutamente emergencial, mas tratar disso com uma aspirina e um suco de laranja não vai funcionar. Hoje, não fazer nada é o mesmo que empurrar o país ladeira abaixo. O problema requer uma resposta à altura, o que não está acontecendo, por vieses de ideologia, falta de capacidade de execução, dificuldades de coordenação na área política”, afirmou.
O economista finalizou dizendo que se o ajuste fiscal não for repensado, o sacrifício será em dobro. “Não vai servir para nada. O dano já foi feito, o mal, a bobagem, já foi feita, e estamos pagando o preço agora. Podemos fazer isso, ou não fazer e mergulhar no abismo de todo o regime populista que existe no planeta”, completou.