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O Mundo A Seus Pés

Vencedor de Pulitzer, Paul Salopek cruza o planeta a pé e documenta manifestações culturais

Jornalista refaz primeira rota de migração do Homem, da África à América do Sul

POR CARLOS ALBUQUERQUE

30/08/2015 6:30 / ATUALIZADO 30/08/2015 9:34

O trajeto a pé de Paul Salopek deve durar sete anos – Arte de Renato Carvalho sobre foto de John Stanmeyer/NatGeo/Divulgação

 

RIO – Nos últimos dois anos, o jornalista americano Paul Salopek tem ouvido canções sobre pescarias, sobre guerras, sobre deuses e até mesmo sobre camelos. Em janeiro de 2014, num abrigo perto das ruínas de Petra — mitológica cidade encravada no deserto da Jordânia, usada como cenário no filme “Indiana Jones e a última cruzada” —, ele acompanhou a lamentosa voz de Qasim Ali e um grupo de beduínos, tocando suas rababas (uma espécie de violino), num improvisado e emocionante concerto noturno.

Uma das canções de Ali — descendente dos nabateus, povo que se estabeleceu em Petra há 12 mil anos — foi gravada, também de forma improvisada, por Salopek, que a colocou no site “Out of Eden walk”. É lá que ele vem registrando os diversos encontros que tem tido desde 2013, quando iniciou a épica jornada que dá nome ao portal. Até 2020, Salopek, 53 anos, vencedor de dois prêmios Pulitzer, pretende percorrer — a pé, sempre que possível — cerca de 34 mil quilômetros, da Etiópia, seu ponto de partida, até a Terra do Fogo, no Chile, refazendo a rota dos primeiros humanos modernos, que saíram da África para explorar outros continentes, há cerca de 60 mil anos. Durante o projeto multidisciplinar — financiado pela National Geographic e que tem a Universidade de Harvard como um dos parceiros — ele tem relatado temas ligados a arte, tecnologia e meio ambiente, muitas vezes de forma cruzada.

— As músicas que tenho encontrado pelo caminho dizem muito sobre a cultura de cada local — diz ele, por e-mail. — Não apenas as músicas dos nômades, dos pescadores ou dos mercadores, por exemplo, mas os próprios sons das trilhas e das ruas e até mesmo todo o muzak que você escuta ao fundo. Se bem que, nesse sentido, diria que Sting está numa posição de destaque.

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