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Laboratório também é lugar de mulher

Pesquisadora brasileira supera preconceito no exterior e pede que jovens cientistas “não se calem”
05/08/2015 – 15H08/ ATUALIZADO 15H0808 / POR AMARILIS LAGE
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(FOTO: ADAMS CARVALHO)
Três coisas acontecem quando há mulheres no laboratório: você se apaixona por elas, elas se apaixonam por você, e elas choram quando são criticadas.” Bom, também podemos dizer que três coisas acontecem quando um prêmio Nobel diz uma besteira tão grande. 1) Uma onda de protestos varre a internet. 2) O autor da frase pede desculpas. 3) Ele perde o emprego. Pelo menos foi isso que ocorreu com o inglês Tim Hunt, prêmio Nobel de física em 2010. Após a polêmica, ele pediu demissão da University College London, onde era professor honorário. Na verdade, mais uma coisa aconteceu: 4) O episódio, por mais desastrado que tenha sido, evidenciou algo geralmente velado: o preconceito contra mulheres na ciência.

Há muitos exemplos de pesquisadoras revolucionárias, como Marie Curie (a primeira pessoa a ganhar o Nobel em duas áreas distintas), Jane Goodall (retratada no filme A montanha dos gorilas) e Ada Lovelace (que, no século 19, criou o primeiro algoritmo a ser processado por uma máquina). Ainda assim, a presença feminina nos laboratórios não é estimulada. Na Academia Brasileira de Ciência, só 13,5% dos membros são mulheres.

A engenheira Camila Flor, de 31 anos, conhece bem esse cenário. Em 2002, quando foi à Espanha cursar engenharia industrial, viu-se num grupo de 400 alunos, dos quais apenas 13 eram mulheres. A diferença não era só numérica. Seus trabalhos recebiam mais críticas. Notas altas geravam comentários maliciosos. Camila monitorava até a própria voz. Se fosse suave, ela era vista como frágil. Se soasse dura, ela parecia “descontrolada”.

As 13 alunas se apoiavam, mas nunca falaram ¬so¬bre o problema. Camila só identificou o preconceito depois, quando estudou na Universidade Cornell, a primeira da Ivy League (grupo que reúne a elite das faculdades norte-americanas, como Harvard, Yale e Princeton) a aceitar classes mistas — uma verdadeira ousadia em 1872.

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