A crise é estrutural. Tem a ver com a forma como se gasta o dinheiro público. Tem a ver com o colapso da capacidade do Estado de financiar serviços essenciais. A sociedade brasileira pode andar para trás nas conquistas dos últimos 20 anos por erros crassos de planejamento e gestão temerária de Lula e Dilma.
Como em todo governo com tentações populistas, as despesas públicas vão crescendo desordenadamente até paralisar o Estado. No caso do Brasil, as despesas aumentam automaticamente acima das receitas. Principalmente com a economia encolhendo. Por isso Levy recuou.
Como não há espaço para mais imposto e cortar investimento tem limite, o governo Dilma ficou sem saída. Daí o apelo das fórmulas mirabolantes, como a busca de receitas extraordinárias por meio da legalização de dinheiro sujo escondido no exterior.
A única saída sustentável, infelizmente, não pode ser implementada agora, apesar da urgência. Para fazer reformas estruturantes é preciso credibilidade, liderança, transparência e coragem, atributos que Dilma e o PT já não têm mais a oferecer. Ao contrário do PSDB, o PT vai devolver o governo pior do que encontrou.
O caminho das reformas vai exigir mais que capacidade de planejamento e de elaboração. Explicar e convencer a sociedade da importância de mudar de rumo é difícil, pois a retórica do marketing acirra os ânimos. O ponto crítico é a engenharia política.
O melancólico desse apagar das luzes é que, nem mesmo com a fratura dos fatos, o governo se dobra à realidade. Pouco importa que o país se arrebente e que os brasileiros passem por grandes dificuldades. Eles irão até o fim para preservar a própria versão dos fatos. A despeito da temeridade crescente.
O PT se tornou retrógrado. A energia criadora foi toda devorada por essa sanha pelo poder. O palanque permanente já encheu o saco do brasileiro. Tem uma crise tirando emprego das pessoas e tudo o que ouvimos de oficial é que indicadores já captam sinais de melhora. Não tem sinal de nada. A crise se aprofunda sem silêncio.
José Aníbal é presidente nacional do Instituto Teotônio Vilela e senador suplente pelo PSDB-SP. Foi deputado federal e presidente nacional do PSDB. Artigo publicado no Blog do Noblat