O resultado mostra a insensibilidade do mundo político machista que não abre espaços institucionais para as mulheres, embora sejamos a maioria da população brasileira e tomemos conta, sozinhas, de 40% dos lares do país.
Doerá explicar à militância do PSDB-Mulher as razões que impediram a bancada do partido de fechar questão, deixando que cada parlamentar votasse de acordo com o seu desejo pessoal. Mas seremos muito gratas aos deputados tucanos que caminharam ombro a ombro conosco nessa luta que nos feriu, mas não vergou.
Será gratificante agradecer às nossas deputadas federais o apoio e os votos, em sintonia com a vontade que as brasileiras manifestam de obter maior protagonismo na vida pública nacional.
A ampliação da participação da mulher na política não é uma questão pessoal e sim de justiça, por responder aos anseios de toda a sociedade brasileira, esta sim, de maioria feminina, independentemente de cotas.
Quem entende de economia é a brasileira que enfrenta diariamente o aumento dos preços dos alimentos, nos supermercados e nas quitandas.
Quem entende de orçamento e de planejamento é a mulher, que agora tem que ver como gastar o dinheiro de sua casa, o que deve ser pago ou não. Quem toma conta do cobertor curto é ela, não o homem.
Quem entende de programa social é a mulher que, abandonada por seus companheiros, ganha quase 30% a menos do que os homens para sustentar 40% dos lares brasileiros.
Estudos divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/IBGE, provam que as mulheres estudam, em média, 5 anos a mais que os homens e se preparam mais para cargos de responsabilidade.
Dados da ONU Mulheres, divulgados na recente Beijing+20, provam que sociedades em que existe igualdade de participação entre gêneros na administração pública, os índices de estabilidade econômica e social sobem na mesma proporção.
Abrir espaço para a maior participação feminina, antes de mais nada, é questão de interesse público, ganham todos, homens e mulheres. Ganha o Brasil.
Mesmo assim, o universo machista que dirige o país se recusa a aceitar a realidade e a dar mais espaço às mulheres nos parlamentos brasileiros – das câmaras de vereadores ao Senado Federal.
O resultado da votação nos motiva, não nos afastará do caminho da luta.
Assim como na votação da Emenda Dante de Oliveira das “Diretas Já!” em que faltaram apenas duas dezenas de votos, o Brasil está mais triste com a recusa dos deputados federais em aprovar a PEC das cotas.
E, assim, como o povo brasileiro não desistiu até eleger o Presidente da República, naquela ocasião, não desistiremos até ver mais mulheres nos parlamentos e na política nacional.
Secretariado Nacional da Mulher/PSDB