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Mulheres devem ser informadas sobre riscos de anticoncepcional, defendem deputadas do PSDB

Geovânia de Sá presidiu o debate sobre os efeitos adversos do consumo do medicamento hormonal sem a devida orientação.

Geovânia de Sá presidiu o debate sobre os efeitos adversos do consumo do medicamento hormonal sem a devida orientação.

Deputadas do PSDB participaram nesta terça-feira (9) de audiência pública na Comissão de Seguridade Social e Família sobre os efeitos adversos do uso de anticoncepcionais hormonais e a falta de critério em sua prescrição. No debate presidido pela deputada Geovânia de Sá (SC), os participantes abordaram a falta de informação e de números que reflitam a realidade dos casos no país.  O requerimento para realização da audiência foi assinado pela bancada feminina do PSDB na Câmara.

“Muitas mulheres não têm conhecimento dos riscos, acabam sofrendo algum tipo de doença e não sabem o que levou a isso”, explicou a tucana. Segundo ele, ficou clara a falta de informação entre mulheres que usam o medicamento. Geovânia defende que a Anvisa verifique seu sistema de dados, cobrança feita também por Mara Gabrilli (SP).

“Por que é tão difícil fazer notificações no sistema da Anvisa, a ponto de não termos dados?”, questionou Mara. A tucana alega que os dados devem estar disponíveis para laboratórios, profissionais de saúde e, principalmente, para usuários. “Não podemos negligenciar a informação e deixar solta essa roleta-russa”, disse.

Médica, a deputada Mariana Carvalho (RO) afirma que muitas mulheres não são alertadas sobre o risco de trombose e chegam aos hospitais sem saber de que forma a doença surgiu. “É um assunto ainda não muito explorado e as mulheres fazem uso do anticoncepcional sem saber dos riscos. Queremos que os médicos informem com mais precisão esses efeitos adversos”, completou.

As deputadas ouviram o depoimento da representante do coletivo “Vítimas de Anticoncepcionais – Unidas a Favor da Vida”, Carla Simone Castro da Silva. A professora universitária sofreu uma trombose cerebral sete meses depois de começar a tomar pílula. Ela passou 67 dias no hospital, 60 sem enxergar. Mesmo em casos de trombose na família e estando fora dos grupos de risco (tabagismo, obesidade, diabetes, entre outros), Carla perguntou à médica se havia riscos. “A ginecologista disse que aquilo era lenda, que em 20 anos ela nunca tinha visto nada”, lembrou.

Carla mostrou casos de mulheres em estado grave e até mortes provocadas pelo uso do anticoncepcional por pacientes que não poderiam consumi-lo. Ela não é contra o uso dos remédios, mas cobra do governo federal o tratamento adequado dos casos de reações adversas e a orientação efetiva dentro do consultório. “Por menor que seja o risco, o médico tem que avisar a paciente sobre os riscos para que ela procure ajuda ao menor sintoma”, defendeu.

A coordenadora geral de Saúde das Mulheres do Ministério da Saúde, Maria Esther de Albuquerque Vilela, explicou que os riscos do uso da pílula hormonal são conhecidos desde os anos 60. Segundo ela, estima-se que 100 milhões de pessoas usam contraceptivo oral no mundo.

Esther destacou ainda o aumento da chance de ocorrência de trombose em quem faz uso do remédio: o risco é quatro vezes maior que uma mulher que não toma. Vários fatores podem agravar a situação, completou o superintendente substituto de Fiscalização, Controle e Monitoramento da Anvisa, Daniel Roberto Coradi de Freitas. Um dos principais é o consumo de cigarro. “O ato de fumar aumenta o risco de reações adversas cardiovasculares. Essa orientação deveria ser intensificada pelos profissionais de saúde”, explicou.

(Reportagem: Elisa Tecles/ Foto: Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados)

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