A instrumentalização da UNE não fica apenas por aí. Além da ausência da entidade das ruas desde que o PT assumiu o poder, há, de norte a sul do país, denúncias de cooptação dos dirigentes pelo Governo Federal. Hoje, por exemplo, acontece uma coisa impensável na época dos bons anos da insubordinada UNE: as entidades estudantis dominam a confecção de carteiras de estudante ficando com parte da renda obtida na operação, o que acaba por vincular o movimento aos governos dos quais depende para celebrar convênios.
O jornalista Josias de Souza, da Folha de São Paulo, afirma que nos governos Lula e Dilma a UNE recebeu R$ 57 milhões do Governo Federal, se comprometendo a usar parte dos recursos na nova sede, um prédio que, na verdade, está sendo feito com base em acordo com a iniciativa privada que vai explorar parte dele através de espaço comercial. Tanta proximidade com o poder – político e econômico – impede a entidade de ir à frente.
Orgulho da juventude brasileira de outrora, UNE não é mais a mesma. Segundo o pesquisador Marcos Ribeiro de Mesquita que fez pesquisa sobre o assunto os estudantes não mais se interessam por ela e consideram, em resumo, que a entidade está “burocratizada, centralizadora, partidarizada e ultrapassada”.
Pelo andar da carruagem, foi-se mais um pilar de resistência da sociedade civil brasileira. Os caras-pintadas de outrora hoje escondem o rosto.
* A ex-deputada Terezinha Nunes (PSDB-PE) é presidente da Junta Comercial de Pernambuco (Jucepe)
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