O alerta soou ainda na segunda semana de janeiro, quando a Caixa elevou os juros dos empréstimos para a casa própria. Em algumas linhas, a alta foi de 20%. Mas não parou aí. Em abril, veio novo aumento das taxas. Como o banco público é referência no país para este tipo de operação, as demais instituições financeiras seguiram o exemplo e também subiram seus encargos.
Não foi apenas o custo dos financiamentos que aumentou. As condições para tomar os empréstimos também ficaram muito mais restritivas. Em alguns casos, a parcela financiada foi reduzida para 30% do valor dos imóveis. Para imóveis usados de menor valor, o percentual baixou de 80% para 50%, obrigando o mutuário a mais que dobrar a poupança necessária para comprar sua casa.
A explicação oficial é que a fonte que financia o crédito imobiliário no país está secando. Há quatro meses, com o agravamento da crise econômica, os brasileiros avançam sobre os recursos poupados nas cadernetas para fazer frente a despesas que não cabem mais nos salários. No ano, até agora, os saques superaram os depósitos em R$ 29 bilhões.
O número de imóveis financiados já diminuiu 11% no ano. Mas vai cair mais. Nesta semana, a Caixa confirmou que fechou o guichê para a concessão de novos empréstimos. Como alternativa, o governo Dilma cogita avançar sobre a outra poupança dos trabalhadores e usar o FGTS nas linhas de financiamentos. Há resistência.
Na outra ponta, o Minha Casa Minha Vida está entre as vitrines do governo petista que estão estilhaçando neste início de segundo mandato. Nenhuma unidade voltada a famílias de baixa renda foi contratada neste ano. Desde 2013, os pagamentos têm atrasado e, desde outubro, 265 mil trabalhadores da construção civil foram demitidos. O corte orçamentário deve levar embora mais um naco do programa.
O governo petista sempre sustentou que havia feito uma “revolução” no setor de habitação no país. Há nisso muita propaganda e pouca realidade. O Minha Casa Minha Vida de fato permitiu a construção de alguns milhares de casas, mas passou longe de atenuar o déficit de moradias no país, principalmente nas grandes cidades e entre os mais pobres.
Assim como noutras áreas sociais, como a educação, o segmento habitacional está sofrendo as consequências do arrocho recessivo posto em marcha pela gestão do PT. O que parecia construção sólida está agora desmoronando como castelo de areia, junto com os excessos que marcaram os últimos anos de governo petista.