Logo no primeiro mês de seu mandato os brasileiros se depararam com a notícia de que teriam um aumento de 12,25% ao ano na taxa de juros. Em fevereiro, mais uma surpresa: o preço do combustível foi aumentado duas vezes seguidas em menos de um mês, num total de mais de 5% em alguns estados, como é o caso do Distrito Federal. Mas os aumentos, não param por aí. Os brasileiros também estão pagando mais caro pela energia consumida. As regiões, sul, sudeste e centro-oeste, abastecidas pela energia da usina de Itaipu, estão pagando 46,14% a mais em suas contas de energia, isso para compensar os gastos da empresa Eletrobras, hoje, investigada por corrupção. Em março, o governo autorizou um aumento de 5 a 7,7% no preço dos medicamentos.
Uma das principais bandeiras de seu governo foi: não mexer nos direitos dos trabalhadores, nem que a vaca tussa. Pois bem, em dezembro de 2014 foi anunciando algumas mudanças nas concessões dos benefícios dos trabalhadores para 2015. Entre elas, mudança na concessão do abono salarial, seguro desemprego, seguro defeso (seguro-desemprego do pescador artesanal) e auxílio doença. Podemos dizer que… a vaca tossiu e engasgou.
Mas não foram só os trabalhadores afetados, os estudantes também. A Presidente chegou a lançar o lema de que o Brasil seria uma Pátria Educadora, mas logo em seguida o MEC anunciou mudanças nos programas educacionais. Houve alterações nos programas do FIES e Prouni, dificultando ainda mais os sonhos dos estudantes que não podem pagar por seus estudos. Em fevereiro ocorreu atrasos nos repasses da União para o PRONATEC que afetou o andamento das aulas dos estudantes. Mas o atraso não foi só no nesse programa. A entidade que reúne as instituições federais, a Andifes, estima que cerca de 30% dos recursos de custeio (como material de consumo e manutenção) que o MEC repassa mensalmente às instituições têm sido retidos.
Cabe ressalvar que, além das mudanças nos direitos trabalhistas, programas educacionais e aumento dos impostos, o país vem passando por seu maior escândalo de corrupção envolvendo uma de suas principais empresas, a Petrobras. Segundo estimativa do MPF, o desvio de dinheiro chega a mais de R$ 2 bilhões. O partido da presidente também está passando por forte crise política. Dois de seus tesoureiros foram presos por indícios de corrupção, dois ministros indicados pela presidente renunciaram ao cargo e seu principal aliado, PMDB, travou uma “resistência” aos pedidos do governo junto ao Congresso Nacional.
E o povo?
Nos dias 15 de março e 12 de abril uma grande parcela da população de vários estados do Brasil foi às ruas manifestar suas indignações frente a todas as mentiras ditas em épocas eleitorais, ao escândalo da corrupção, a uma reforma política e por diversas outras reivindicações. O povo não aguenta mais a situação em que o país se encontra. Clamam por mudança, mas continuam sem resposta.
Por fim, tendo por base todas essas insatisfações e promessas até o momento não compridas, pode-se dizer que o governo precisa mudar seu modo de gestão. Estão elaborando políticas públicas de curto e médio prazo sem avaliarem a efetividade das mesmas e por consequência estão tendo que mudar o que foi formulado sem uma perspectiva de longo prazo.
*Rayssa Moura é cientista política e filiada ao PSDB-DF