O dia 8 de março é o Dia internacional da Mulher, comemorado em todo o mundo, para conscientizar as pessoas e os governos da condição feminina e da opressão que a mulher vive nos diferentes continentes.
As 3,5 bilhões de mulheres do globo terrestre constituem a metade da população mundial e qualquer que seja sua condição econômica, política e social sofrem discriminação, preconceito e violência qualquer que seja o país em que viva.
Dados do Fundo de População das Nações Unidas (ONU) apontam que qualquer que seja o país, as mulheres não tem rigorosamente os mesmos direitos ou poder político e/ou econômico dos homens.
Mesmo nos países mais desenvolvidos dos pontos de vista econômico, político ou social, as mulheres sofrem algum tipo de constrangimento, seja social ou físico. Ainda segundo a ONU e seu Fundo Mundial, uma em cada três mulheres já sofreram algum tipo abuso físico.
O quadro é ainda pior nos países e nas comunidades mais carentes que, infelizmente, pontuam situações extremamente degradantes, como o casamento precoce, ou a de submeter a jovem a uma humilhante e trágica clitoridectomia, um ritual macabro que visa evitar que a mulher tenha prazer sexual, ainda comum em alguns países africanos, praticado em meninas de 14 anos.
Mesmo em nações desenvolvidas economicamente, como os Estados Unidos, encontramos discriminação, como bem lembrou a atriz Patricia Arquette, na entrega do Oscar, denunciando a diferença salarial entres homens e mulheres nos EUA.
No Brasil, a situação não é muito diferente. Apesar das mulheres serem a maioria da população e do eleitorado e responderem sozinhas por 40% dos lares brasileiros, ainda ganham em média cerca de 70% do que recebem os homens, para as mesmas funções, mesmo sendo muita vezes mais qualificadas profissionalmente.
A realidade das brasileiras é violenta. A cada duas horas uma mulher é morta de maneira violenta. Em dez anos, 2001/2011,cerca de 50 mil mulheres foram mortas, números de guerra, Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Com 4,6 assassinatos por 100 mil mulheres, o Brasil ocupa a sétima posição mundial de assassinatos de mulheres, segundo o Mapa da Violência 2012 (Cebela/Flacso), entre 84 nações.
Esse mesmo Mapa da Violência nos revela um outro dado trágico: em 42,5% dos casos, o agressor é o parceiro ou ex-parceiro da mulher. E na faixa entre os 20 e os 49 anos, esse percentual chega a 65%!
Mesmo com esse quadro desolador, o dia 8 de março desse ano nos traz duas boas noticias. A Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que considera o feminicidio crime hediondo, o que tornou as penas maiores e mais severas para o assassino – agora é de 12 a 30 anos.
A outra boa nova veio do Ipea, sobre a aplicabilidade da Lei Maria da Penha. Estudo da instituição indica que a lei fez diminuir em cerca de 10% a taxa de homicídio contra as mulheres dentro das residências. Um avanço relevante e importante.
Por tudo isso e mesmo com a existência de discriminações, preconceitos e violências contras as mulheres no Brasil, devemos comemorar o dia 8 de março como uma data para nos conscientizarmos ainda mais e prosseguirmos nossa luta.
Viva a Mulher!
*Solange Jurema é presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB