A versão alagoana, entretanto, tem um atrativo que faltou à suas irmãs mais velhas: o generoso mar em frente ao hotel em que o workshop acontece. Sorte das recém-filiadas tucanas do Ceará, Alagoas, Pernambuco, Bahia, Sergipe e Rio Grande do Norte.
O evento conta com mesas redondas, palestras e debates, sempre com abertura para perguntas da plateia. O conteúdo do curso aborda a democracia, o sistema político-partidário brasileiro, a participação das mulheres na política, o acesso deste segmento da população aos direitos e à cidadania e analisa a conjuntura.
Abertura
Solange Jurema, presidente do PSDB-Mulher Nacional, falou da alegria de estar abrindo um curso em parceria com a Konrad Adenauer em seu estado. “Como alagoana, quero dar as boas vindas a vocês”, disse ela, para emendar: “Em meu nome, no de Nancy e Thelma, quero falar da alegria de fazer esse curso aqui. Para fazer a política em que acreditamos, uma política diferente, é preciso unificar nosso discurso. O que sabemos e que não queremos essa política que está aí. Para mudar o que está aí é preciso que nos encontremos e debatamos , e contar com o apoio da Konrad Adenauer é importantíssimo nesse processo”.
Felix Dane, em seguida, explicou ao auditório a importância da parceria desenvolvida entre a Konrad Adenauer e o PSDB-Mulher Nacional e disse que incentivar a maior participação feminina na política nacional é uma forma segura de fortalecer a democracia e uma das metas da KAS.
Primeira mesa: Sistema político brasileiro e democracia
Maria Lucia de Fátima Pirauá –Juíza de Direito –destacou a importância da participação feminina em todas as instâncias de poder. “A Justiça é essencial na vida do cidadão e da defesa dos seus direitos. Isso tem um lado bom e um ruim. O lado bom é que a sociedade acordou para a defesa de seus direitos, o mau, a excessiva judicialização social, que faz com que hoje se procure a Justiça para tudo”.
A juíza Maria Lúcia de Fátima Pirauá deu dicas valiosas, para que as novas lideranças tucanas possam, no futuro, possam orientar seus liderados nas muitas questões jurídicas que fatalmente aparecerão.
Roberto Eduardo Lamari, vice-presidente da Associação Brasileira das Escolas do Legislativo e Contas ABEL, fala sobre o Poder Legislativo. “Temos diferenças de competências que, muitas vezes nossos parlamentares, infelizmente desconhecem.”
Em seguida, elenca várias questões sobre o Parlamento: ”Uma das características do Poder Legislativo é representar, mas será que a população reconhece o parlamentar como seu representante? Nossos representantes legislam bem? Fazem leis que impactam nossa vida? De maneira positiva, porque de alguma maneira sempre impactam”, filosofa ele, provocando risos da plateia.
Roberto Lamari encerra sua fala com uma visão bem instigante do Poder Legislativo: ”Acredito muito na nova função do Poder Legislativo: a de educar, promover a educação política do cidadão. Se tivermos um novo regime de exceção, o Poder Judiciário continua existindo, o Poder Executivo continua existindo, mas não há nenhuma razão para que o Legislativo continue funcionando. É função do Legislativo zelar pela democracia”.
Loreley Gomes Garcia explicou o Poder Executivo e disse que o Brasil está em 44º lugar no índice de democracias do The Economist, atrás do Timor Leste, por exemplo, e mostra que os dez primeiros países no ranking são muito similares, em termos de IDH e políticas públicas para mulheres.
“Já o Brasil tem notas baixas em cultura política, o que é preocupante”, explicou,” porque quando votamos para um senador ou deputado ruim, teremos leis ruins”. Nossa sociedade é mal preparada para o voto. Nossa educação para a própria cidadania é de má qualidade.
“Um dado que derruba o Brasil é a participação das mulheres na política, que é medonha. Os índices são tão baixos que a numeração do país neste índice é igual à zero. Os índices brasileiros na questão de gênero colocam o país em 146º lugar em um ranking de 190 países”, constata Loreley Gomes Garcia.
A palestrante destacou quão poucas heroínas históricas existem em contraponto aos muitos heróis masculinos. Citou Simone de Beauvoir, que falava sempre de Joana D’Arc, como contraponto feminino e encerrou perguntando quem na plateia conhecia Boudica. Rainha dos icenos e personagem histórica real, Boudica viveu no século I, na Grã-Bretanha ocupada pelos romanos e, no ano 60 ou 61 DC, levantou todas as tribos em vingança pelo estupro de suas duas filhas, cometido pelo exército invasor, e por muito pouco não expulsou os soldados de Nero da ilha britânica.
Encerrada a primeira mesa redonda do curso, um bom debate com a plateia esquentou a noite, que acabou com um jantar de confraternização. Amanhã tem mais, confira a programação:
2° dia – sexta-feira
09:00 Mulheres na política
Fátima Jordão – Socióloga, Conselheira do Instituto Patrícia Galvão
Cristina Buarque – Cientista Política, Professora da UFPB
Mariangela Nascimento – Cientista social, Professora da UFBA
Moderadora: Sonaly Pastos – Presidente do PSDB-Mulher/AL
10:30 Intervalo
11:00 Maioria oprimida
Maria das Dôres Dolly Soares – Diretora do Centro de Valorização da
Mulher CEVAM/Goiânia
Sílvia Rita Souza – Educadora, Consultora e Conselheira dos Diretos da Mulher do Distrito Federal
Aline Bruno Soares – Cientista Política, Coordenadora da KAS
Moderadora: Solange Jurema – Presidente do PSDB-Mulher Nacional
12:30 Almoço
14:00 Funcionamento dos partidos políticos no Brasil
Nancy Ferruzzi Thame – Presidente do PSDB-Mulher/SP
Thelma de Oliveira – Vice-Presidente do PSDB-Mulher Nacional
Eduardo Magalhães – Cientista Político – Professor da UFAL
Moderadora: Judith Botafogo – PSDB-Mulher
15:30 Encerramento
Solange Jurema – Presidente do PSDB-Mulher Nacional
Felix Dane – Representante da Fundação Konrad Adenauer no Brasil