A Selic subiu agora para 12,25% ao ano. É a terceira vez desde a reeleição da presidente Dilma Rousseff que o governo dela aumenta a taxa – a primeira aconteceu apenas três dias depois da votação que deu vitória à petista. Segundo o discurso eleitoral, apertar a política de juros era coisa de banqueiro. Vê-se que é coisa do PT.
O Brasil de Dilma e do PT é uma jabuticaba num mundo em que quase todas as economias cortam, e não ampliam, os juros. Desde outubro, já são 1,25 ponto percentual de alta, o que representa custo anual adicional de R$ 19 bilhões apenas para rolar a dívida pública. Desde que a Selic voltou a subir, a partir de abril de 2013, a elevação é de cinco pontos.
A taxa real (ou seja, descontada a inflação projetada) brasileira é hoje a segunda maior do mundo, de acordo com a consultoria Moneyou/UpTrend. Com nossos 5,4%, só perdemos para a Rússia, que recentemente teve que dar uma paulada em seus juros básicos para fazer frente ao derretimento das cotações de petróleo – sua maior, quase única, riqueza.
O BC tomou a decisão de forma unânime ontem e eliminou a “parcimônia” de seu comunicado posterior à reunião. A leitura de quem entende do assunto é de que os juros vão continuar subindo no Brasil. A dúvida é se só mais um pouquinho (0,25%) ou mais um tantão (há quem fale em mais um ponto ao longo dos próximos meses).
Não é apenas a taxa básica de juros – a mais baixinha de todas – que aumenta. O crédito também se torna muito mais restrito na praça. A partir de hoje, o IOF cobrado em operações de empréstimos dobrará, para 3%. Na semana passada, os juros de financiamentos imobiliários já haviam sido fortemente reajustados.
Mesmo com a escalada, o principal inimigo da política monetária mantém-se incólume. Desde que a alta da Selic foi retomada, as expectativas de inflação não cederam; pelo contrário, aumentaram bastante: de 5,46% para 6,67% nos próximos 12 meses. Com o tarifaço e o “impostaço” em marcha, já se dá de barato que os preços vão subir em média 7% neste ano.
Na campanha eleitoral, um dos bordões preferidos da presidente era de que a oposição “plantava inflação para colher juros”. A realidade está mostrando quem semeou os ventos que ora dão em tempestade. É preciso dizer que a alta dos juros é apenas mais uma das inúmeras ocorrências da temporada de estelionatos eleitorais que começou logo após a vitória de Dilma Rousseff nas urnas e perdura até hoje?