O Colégio Eleitoral era formado pelos congressistas e representantes das Assembleias Legislativas. Como em 1982 o PDS tinha vencido as eleições em mais Estados, conquistou 356 votos no colégio, contra 330 da oposição.
A definição dos candidatos ao Planalto só ocorreu após a derrota da emenda das Diretas-Já, em abril de 1984. O presidente do PMDB, Ulysses Guimarães, desistiu de concorrer: numa eleição indireta, o PMDB só teria chances se lançasse um nome moderado, capaz de atrair dissidentes do PDS. Assim, em maio, o partido lançou o governador Tancredo Neves (MG).
No campo governista, o PDS se dividia entre as alas do vice-presidente Aureliano Chaves, do ministro Mário Andreazza e do deputado federal Paulo Maluf. Aureliano era a figura mais popular do governo. Andreazza era o nome mais próximo do presidente João Figueiredo. Maluf tinha cerca de 40% dos delegados do PDS, mas era rejeitado pelos demais grupos.
Em junho de 1984, o então presidente do PDS, senador José Sarney, tentou aprovar na Executiva a proposta de fazer uma prévia nas bases do partido para escolher o candidato –o que beneficiaria Aureliano. A proposta foi rejeitada pelos malufistas.
Sarney renunciou à direção do partido. O grupo de Aureliano deixou o PDS em 3 de julho levando 45 parlamentares. Dez dias depois, eles deram apoio a Tancredo em troca da Vice-Presidência, entregue a José Sarney. Com essa manobra, o PMDB ganhou a maioria no colégio.
Na convenção do PDS, em 11 de agosto, Maluf derrotou Andreazza por 493 votos a 350, mas o grupo derrotado aderiu em massa a Tancredo.
Maluf recorreu ao TSE exigindo fidelidade partidária dos pedessistas. Em 27 de novembro, a corte decidiu por unanimidade que eles eram livres para votar. Em 15 de janeiro o PDS rachou ao meio: 174 pedessistas votaram em Maluf, e 166, em Tancredo. Daí os 300 votos de vantagem.
*Publicado na Folha de S. Paulo – 15/01/2015
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