Para o tucano, o PT está em uma situação “muito difícil”. “A economia começou a sair dos trilhos há muito tempo. (…) A maioria [das pessoas] tem muitas dívidas, e o consumo não basta como motor econômico. E o PIB não cresce. É isso que existe e algo precisa ser feito”, ressaltou.
Questionado sobre o que precisa ser feito para melhorar o cenário econômico, Fernando Henrique afirmou ter um “nó político a ser desatado”. “O imbróglio político é mais delicado que o econômico, porque o econômico sabe-se como solucionar. Um país com vinte e poucos partidos no Congresso e quarenta ministérios esconde a receita do fracasso”, destacou.
Sobre os escândalos da Petrobras, o tucano foi enfático ao comparar com uma máfia. “(…) Há um sistema organizado no qual participam empresários, diretores, altos cargos e agentes políticos, é uma espécie de máfia, onde impera a omertà, a lei do silêncio, com a bênção do poder”, apontou.
Em relação ao desfecho dos desvios na estatal, FHC mostrou-se otimista, mas afirmou que o processo será longo. “O país vai precisar de instituições públicas fortes e uma imprensa livre e ativa. Mas não sou pessimista. Olhem os EUA dos anos 1920, quando da Lei Seca. Lembrem as máfias locais de então, Al Capone. E a coisa melhorou”.
Sobre o papel do PSDB após as eleições, o ex-presidente disse que o partido deve ter o “espírito aberto” e manter a mesma atitude que Aécio Neves teve na campanha. “[O PSDB] tem que ampliar suas alianças e se aproximar do novo, para a esquerda e o centro. De Marina Silva e do novo partido socialista”, explicou.
O tucano também lamentou os rumos que o Brasil tomou. “O PT não fez direito porque não quis. É uma organização burocrática que precisa de dinheiro. E há muitas pessoas que obtinham dinheiro de corruptelas para o partido. Era uma espécie de visão política, um vício de outras épocas, por assim dizer, revolucionárias: em que tudo vale porque é para a revolução. Assim, vale tudo enquanto for para o partido”, concluiu.