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“Xô”, por Elena Landau

Elena-Landau-Foto-Divulgacao--300x198.jpgSou otimista. Acredito no Brasil. Acredito no Botafogo.

Mas fico pessimista ao ver o desastre da intervenção do governo no setor elétrico, que respira por aparelhos. Adoraria estar errada. Xô, pessimismo. Pé de pato mangalô três veis! Torço para a presidente abrir a caixa preta do setor e mostrar números positivos.

Por enquanto, só posso me guiar pelo que é público: reservatórios podem chegar no nível extremamente perigoso de 20% em novembro; o tarifaço é realidade; boa parte de contratos de comercialização de energia está suspensa por conta do grau de judicialização atual. E temos desequilíbrio financeiro jamais visto.

Pelos dados da mídia, o rombo acumulado em apenas dois anos é R$ 100 bilhões. Mais da metade é repasse às distribuidoras na vã tentativa de controlar tarifas.

Há também R$ 20 bi de indenizações devidas pela MP 579 em troca da renovação dos contratos, além do desajuste nas geradoras, afetadas pelo esvaziamento dos reservatórios; outros R$ 16 bi.

Não posso ser otimista quando vejo a situação da Eletrobras, outrora a maior empresa do setor. Há dois anos, ela valia o dobro do que hoje. Esta desvalorização é consequência direta da adesão à renovação das concessões. A Eletrobras foi a única que topou o péssimo negócio. Para compensar parte do prejuízo recebeu R$ 6,5 bi em empréstimos bancos oficiais. Uma capitalização disfarçada.

Até o BNDES é pessimista, tanto que cobrou das distribuidoras taxas de juros de mercado, superior às tradicionais operações do banco. Sinal que o risco do empréstimo é alto. Mas nada disso impediu que alguns reajustes tarifários superassem 30% este ano, com previsão de mais 25% em 2015.

A culpa não é só da seca, ela é só parte do problema. As distribuidoras estão nessa situação porque o governo não cumpriu a obrigação de providenciar energia suficiente para que cumprissem seus contratos. Mostra a fragilidade do planejamento e da gestão dos leilões e cronograma de obras.

Tudo indica que estamos piores que em 2001, quando o governo atual era oposição e transformou uma questão técnica em discurso de campanha. Hoje está aprisionado nesta armadilha eleitoral e não quer falar em racionalização de consumo ou em soluções emergenciais, como se fez naquela ocasião. Sequer admite problemas. Qualquer alerta é gosto pelo pessimismo.

É hora de pensar em soluções e olhar o passado sempre ajuda. A experiência da Câmara de Gestão é relevante e mostra que a superação da crise demanda diálogo e transparência. Um diagnóstico já seria um primeiro passo.

Não estaria pessimista se o governo assumisse a gravidade da situação. Ou seja, a opção é apelar para Pedro: ou o Parente ou o Santo.

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