Nesta sexta-feira, no Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, a sociedade brasileira pode mais uma vez discutir a questão da discriminação racial no Brasil com os olhos voltados para a mulher negra.
Os diversos artigos, debates e encontros realçam que no país ainda convivemos, infelizmente, com a discriminação racial que atinge a mulher negra duplamente, como podemos observar no nosso cotidiano – ela sofre discriminação por ser mulher e negra.
Num país de tantas desigualdades econômicas, políticas e sociais, a dupla discriminação da mulher negra se reveste de uma perversidade maior quando se fala de sua inserção, ou não inserção, no mercado de trabalho.
Estudo do DIEESE aponta uma série de indicadores que confirmam essa dupla discriminação da mulher negra no mercado de trabalho brasileiro. O desemprego é maior para ela do que para a mulher branca ou amarela ou para o homem negro.
A mulher negra recebe menores salários, como atesta a pesquisa do DIEESE. Na região metropolitana de São Paulo, por exemplo, a taxa de desemprego da mulher negra é de 26,2% contra 18,8% das não-negras. O desemprego da mulher negra é maior do que a taxa do homem negro (19,9%) e do não-negro (13,3%).
Ainda segundo o estudo, as mulheres negras demoram mais tempo para encontrar um novo emprego. Em São Paulo, a mulher negra demora 12 meses para se inserir no mercado de trabalho, contra 11 meses da não-negra.
Outro dado desvastador: os salários das mulheres negras são quase a metade do salário das não-negras e inferior em cerca de 10% do salário do homem negro.
Mas a dupla discrminação nao se restringe ao mercado de trabalho.
Como esposas, companheiras, mães e irmãs de negros, elas sofrem com outra trágica realidade: a morte de seus entes queridos.
De acordo com o Mapa da Violência 2014, as principais vítimas de mortes violentas no país são jovens do sexo masculino e negros.
Com tanta dificuldades em se afirmar numa sociedade discriminadora como a brasileira, a luta da mulher negra deve ser apoiada e inserida na vida partidária, como fez o PSDB ao criar o Tucanafro.
É um passo que pode parecer pequeno, mas é o começo da conscientização dessa dupla discriminação e uma razão a mais para nos mobilizarmos.
E seguir o exemplo do papa Francisco I ,que fez questão de receber no Vaticano a sudanesa Meriam Yahya Ibrahim, condenada à morte por ter abandonado o islamismo e casado com um católico.
Solta, foi recebida no Vaticano e ganhou visibilidade mundial para mostrar como a intolerância racial e religiosa levam a posturas absurdas, como a do governo do Sudão, que só recuou diante da pressão internacional.
Vamos nos mobilizar, organizar e lutar para acabar com qualquer tipo de discriminação que atinge a mulher negra brasileira.
Viva o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha!
*Thelma de Oliveira é a primeira-vice-presidente do PSDB Mulher