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“Ser mãe no século XXI”, por Lúcia Vânia

10371485_643326389069898_1700331495552081075_n Lúcia VâniaNeste Dia das Mães, quero tecer considerações sobre o assunto na perspectiva contemporânea de século XXI.

Escrevo este artigo como mulher e como mãe. Mas, também, como um ser político e como política por opção de servir ao meu Estado.

Pensando assim, tenho escrito, tenho falado, e tenho proposto projetos que gerem políticas públicas em favor da mulher.

A psicóloga Flávia da Silva Ferreira, docente do Departamento de Psicologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Bauru, diz que o grande desafio da mulher de hoje é conseguir equilibrar todos os seus papeis de forma satisfatória.

Um dos problemas cruciais, sem dúvida, é conciliar a maternidade e o trabalho profissional. A mulher sempre se vê diante da opção entre a maternidade e a carreira.

Estudos da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP apontam que trabalhadoras com filhos pequenos têm em média, no Brasil, salário 27% menor do que as suas colegas sem filhos. Em confirmação a esse dado, o professor Hermano Roberto Cherques, da Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro, diz que “apesar de todos os avanços dos últimos anos, as mulheres continuam sendo o maior objeto de preconceito nas empresas brasileiras, seguidas pelos idosos e por menores de 25 anos”.

O fato é as mulheres estudam mais do que os homens, ocupam mais assentos em universidades, mas não se nota esse benefício nos salários quando avançam na carreira. Isto é, as mulheres ganham menos quando ficam mais velhas e menos ainda quando associam carreira com a maternidade.

Felizmente, e graças a posturas políticas mais avançadas, surgem iniciativas nos parlamentos, nos governos, e nas empresas que passam a considerar a mulher dentro de sua peculiaridade de concepção. Aumenta o número de creches e, em quase todo o mundo, o tempo da licença-maternidade. Mais de 90% das empresas na Alemanha e na Suécia têm horários flexíveis, que permitem a amamentação, por exemplo. Os meses de gravidez e aleitamento estão sendo levados em consideração de modo que as mulheres não sejam prejudicadas.

Por outro lado, a mulher de hoje tem sido mais forte e confiante. Os conflitos entre carreiras e maternidade, além das culpas, estão sendo substituídos por um nível de conscientização que tem possibilitado o seu desenvolvimento integral. Essa nova mulher é capaz de estudar, trabalhar, cuidar da casa e dos filhos, da sua vaidade, e ser sujeito ativo de sua situação.

Em nenhum momento da história a maternidade foi considerada coisa fácil. Mas ser mãe hoje é enfrentar desafios não enfrentados em outros tempos. Vivemos na era da informação, com muito mais orientações sobre o que devemos fazer pelos nossos filhos. Estes já nascem numa geração conectada pela internet, e as amizades são cultivadas pelas redes sociais.

Temos que, como mães, pensar que não temos que estar próximos aos filhos durante as 24 horas do dia. A mãe, pela sua maneira de ser, está constantemente transmitindo valores, com exemplos ou com palavras. Embora tenhamos a maior responsabilidade na educação dos filhos, temos que pensar que cabe à família, como um todo, essa função.

Mas, os desafios continuam. A mulher desse século tem que ser, ao mesmo tempo, linda, maravilhosa, inteligente e poderosa. Desempenhar simultaneamente, e com perfeição, os papeis de mãe, esposa, dona de casa, superprofissional. E, ainda, sorrir sempre, ser otimista, e sempre ter um jeitinho para resolver tudo para todos. Haja fôlego! Mas essa é a mulher do século XXI.

Nunca podemos esquecer, entretanto, as mães brasileiras das camadas mais pobres da população. São mulheres que trabalham de sol a sol para sustentar os filhos, muitas vezes sozinhas, sem o auxílio de um companheiro. Cerca de 40 milhões de famílias, segundo os últimos dados do IBGE, declaram a mulher como esteio familiar, tanto materialmente, quanto nos relacionamentos.

Para concluir, quero citar uma frase da nossa poetisa maior, Cora Coralina, quando disse: “Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida removendo pedras e plantando flores”.

Deixo o meu abraço a todas as mães deste nosso Estado tão rico e que deve tanto de sua construção às mulheres.

*(Lúcia Vânia, senadora (PSDB), ouvidora geral do Senado e jornalista)

** Publicado originalmente na edição de 11/05/2014  em o Diário da Manhã

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