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Das Diretas Já! aos “black bloc”, por Thelma de Oliveira

Foto: Agência Brasil

thelma-de-oliveira-300x199Ainda ecoam pelas ruas e praças do Brasil, revividos pela mídia, o clamor do povo brasileiro gritando “Diretas Já!”, nas comemorações dos 30 anos do maior movimento popular do país em todos os seu mais de quinhentos anos.

É emocionante rever imagens dos comícios que reuniram milhões de pessoas nas principais capitais do Brasil, liderados por homens da estirpe de Franco Montoro, Mário Covas, Leonel Brizola, Ulysses Guimarães, Teotônio Vilela, Luis Carlos Prestes, para citar apenas aqueles que já nos deixaram.

Saudades, claro, do meu Dante de Oliveira, a quem o destino quis dar o nome para o movimento político que mobilizou a nação e deflagrou o retorno dela ao processo democrático. Um reconhecimento e uma linda justiça a todo o seu trabalho em favor do povo brasileiro e, em especial, ao do Mato Grosso.

Estão vivos na minha memória, no meu coração, aqueles momentos inesquecíveis, do medo da repressão de um regime autoritário à coragem de enfrentá-lo com a certeza de que o povo estaria junto com essas lideranças históricas.

Como esquecer a sociedade civil irmanada com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a União nacional dos Estudantes (UNE), todo o meio artístico?

Passados trinta anos, com um presidente deposto por corrupção, o Brasil caminha para uma efetiva Democracia, num tempo relativamente longo para nossa República, que infelizmente conheceu mais períodos autoritários do que democráticos.

Isso tudo, apesar das desilusões, das decepções, especialmente com aqueles vestais que se autoproclamavam “honestos”, “guardiões da moralidade” e que no poder há 11 anos tentam se apropriar do Estado brasileiro, dilapidando patrimônio público, como fizeram com a Petrobras, que perdeu a metade do seu valor de mercado em quatro anos!

Mas, assim como vimos milhares de jovens na Diretas Já! e no impeachment de um Presidente da República, com os “caras pintadas”, a juventude brasileira de hoje já está nas ruas cobrando dos donos do Poder ações mais efetivas para a solução de problemas inéditas como transportes público, saúde, segurança e o fim da corrupção.

As manifestações de junho do ano passado mostraram essa brutal insatisfação sobre a condução do país pelo governo petista. Em tempos de internet, redes sociais, facebook, twitter, Instagram, não se pode mais abusar do da paciência e do tempo dessa juventude, inquieta e sabedora do que quer.

Pesquisa do instituto Data Popular sobre a chamada “Geração C” mostram que esse segmento recém-incorporado à economia e a política brasileira sabe o que quer. Esses jovens frequentam escolas e querem dar um salto profissional em sua qualificação, em comparação com a dos pais.

No Brasil, a pesquisa estima que já são 23 milhões de jovens entre 18 e 30 anos (55% do total dessa faixa etária), que ganham salários de até R$ 1.200 reais por mês e se transformam em formadores de opinião na sociedade brasileira e tem conceitos menos conservadores que seus pais.

Nas manifestações de junho passado, apresentaram slogans, faixas e palavras de ordem diferentes daqueles que partidos e organizações sindicais sustentaram ao longo do tempo.

Não reivindicam o fim da ditadura nem maior liberdade sindical, de imprensa ou salário maior. Reivindicam acesso aos bens e serviços públicos de qualidade, sabendo que sai do bolso deles, dos trabalhadores e empresários os recursos para  os governos administrarem o que é público.

Querem, enfim, mais qualidade e eficiência dos governos e menos corrupção.

Na esteira deles vieram os “black blocs”, que com sua truculência e violência praticamente afastaram os manifestantes sérios e ordeiros. Não é a toa que pesquisa realizada pela CNT/MDA, em novembro passado, revelou que 93% dos brasileiros rejeitam as ações dos mascarados dos “black bloc”.

O movimento Diretas Já! nos ensinou que podem-se levar milhões de pessoas às ruas para reivindicar a mudança de um regime político sem a necessidade de ações truculentas e desvairadas, inócuas.

Sigamos construindo a nossa  Democracia, sem violência, mas com ampla participação de nossa juventude.

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