O papel histórico recente da imprensa no enfrentamento à ditadura, na construção de democracia e no impeachment de Collor em 1992, com raras exceções, parece ter se perdido no tempo junto com a atuação das representações sindicais e de classe, onde a busca em geral se encontra hoje em defesa de interesses de grupos unicamente pelo poder. Partidarizaram-se os sindicatos e muitos órgãos de Comunicação não passam hoje de espaço para políticos ou para grupos políticos, desprezando impunemente a ética jornalística.
São impressos, TVs em canal aberto e fechado, sites de notícias e emissoras de rádio, constrangendo profissionais e deliberadamente e desigualmente marcando o veículo como oposição a um governo, a um político, a uma causa que seja contrária ao projeto pessoal de seus proprietários. Mas, o mais lamentável é que isso acontece a olhos vistos da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e sindicatos de jornalistas de vários estados, sem que haja uma só posição política em defesa do bom jornalismo.
Nesse caso, chamo também a atenção dos Conselhos Estaduais de Comunicação para que seja resgatada em todo o Brasil a ética da informação, assim como sugiro que as faculdades, os cursos de Comunicação, possam se juntar a um movimento que debata o momento da imprensa brasileira, a ingerência política na informação, e o papel do profissional de Comunicação nesse contexto.
Caso contrário, vamos acabar perdendo não apenas a qualidade do jornalismo, mas, sobretudo, a credibilidade de um trabalho que tanto serviço tem prestado e tem a prestar à cidadania brasileira.
Eliane Aquino é jornalista