As conclusões do estudo mostram que o brasileiro – e a brasileira, que representa 66% da amostragem – não só vive em uma sociedade patriarcal, como coloca as mulheres em um papel secundário, no qual o corpo feminino é patrimônio público e a violência sofrida pelas mulheres é culpa delas próprias.
Quase 60% dos entrevistados acreditam que “se a mulher soubesse se comportar haveria menos estupros”. Esse pensamento livra agressores de suas responsabilidades e coloca a mulher como a única culpada pela violência.
Pensamentos retrógrados e machistas como esses têm um impacto muito grande no aumento dos casos de violência contra as mulheres. É como se fosse permitido agredir, matar ou estuprar quando a vítima “dá motivos para isso”, já que os homens não “conseguem” controlar seus instintos sexuais.
Quando 65% dos entrevistados concordam que mulheres quando usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas, é sinal de que a sociedade está doente.
É espantoso que um mundo no qual as mulheres ocupam cada vez mais papéis de decisão e poder, coexista com um outro onde essas mesmas mulheres são vistas apenas como objeto.
Vivemos uma revolução que transformou valores e comportamentos, conseguimos banir leis retrógradas, ocupamos postos de direção nas esferas do poder público e privado. Já somos maioria nas instituições de ensino superior, provamos nossa competência e nossa capacidade, mas o machismo ainda prevalece no pensamento dos brasileiros.
É ainda mais estarrecedor saber que a própria mulher é responsável pelo pensamento que a aprisiona. E vejam bem: essa mulher que é chefe de família em 38% dos lares brasileiros é a mesma que aponta o dedo e julga as outras mulheres.
A semente do machismo precisa deixar de ser regada diariamente nos lares brasileiros e na educação dos nossos filhos e filhas. Se nós queremos um mundo melhor para as novas gerações, também precisamos que as novas gerações sejam melhores para o mundo.
Cristina Lopes Afonso é vereadora em Goiânia pelo PSDB e presidente da Comissão Parlamentar dos Direitos Humanos eCidadania
Fonte: O Popular