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Mulheres são maior parcela do eleitorado do Amazonas com nível Superior

Mulheres rua Foto ABrDados da Justiça Eleitoral dos últimos dez anos revelam que os eleitores do Amazonas elevaram seu grau de escolaridade e, diferentemente de 2003, a maioria dos eleitores com Ensino Superior no Amazonas é de mulheres, somando o eleitorado com nível Superior incompleto e completo. As informações são do portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na internet.

Em 2003, 67% dos 1,5 milhão de eleitores amazonenses aptos a votar não haviam concluído o ensino Fundamental, a maioria homens (51%). Do total de eleitores, apenas 581 mil chegaram a cursar alguma série do ensino Fundamental, ou primeiro grau naquela época.

O número de eleitores com esse grau de escolaridade reduziu em pelo menos 12% nos últimos dez anos. Até dezembro de 2013, 1,2 milhão (55%) de pessoas cadastrados na Justiça Eleitoral não haviam concluído o ensino Fundamental, maioria homens (52%).

Dez anos atrás, os homens eram maioria entre os cidadãos aptos a votar que chegaram ao Ensino Superior (51,67%), enquanto as mulheres representavam apenas 48,3%. Em 2013, isso mudou. As mulheres alcançaram 56,8% do eleitorado com Ensino Superior, 17,5% a mais que em 2003, quando chegaram a 48,3%.

Até 2008, os homens encabeçavam o número de eleitores com maior grau de escolaridade, 51,67% contra 48,3% de mulheres. A situação começou a mudar no ano seguinte, em 2009, quando o percentual de eleitoras com nível Superior chegou a 54%, contra 45% de homens.

O percentual não tem relação com a quantidade de eleitores por sexo, porque as mulheres foram maioria no eleitorado nos últimos dez anos.

Para o presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM), desembargador Flávio Pascarelli, o número de eleitores e o aumento do grau de instrução, é reflexo das mudanças sociais do Brasil. Ele acredita que o aumento do grau de escolaridade reflita também na escolha dos governantes. Para ele, o grau de instrução do eleitor tem ligação com o nível intelectual dos políticos eleitos pela população.

“O que se espera é que essa evolução reflita na escolha do eleitor. Eleitor mais preparado intelectualmente tem uma maior percepção de quem é realmente o melhor governante ou legislador”, disse. Para Pascarelli, o aumento no grau de escolaridade do eleitor também deve refletir na forma de fiscalizar da população.

“Quanto mais compreensão o eleitor tiver do fenômeno político, mais ele terá capacidade de fiscalizar”, disse. Pascarelli acredita que os eleitores que têm maior grau de instrução tendem a ter uma compreensão melhor do mundo e do processo político, e essa compreensão ajuda o eleitor a fiscalizar melhor seus candidatos.

Segundo dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem no Brasil, 4 milhões de mulheres a mais do que homens. A relação entre os gêneros é de 96 homens para cada 100 mulheres. Apesar de nascerem mais homens, 105 a cada 100 mulheres segundo o IBGE, eles possuem índices de mortalidade mais altos por estarem mais suscetíveis a fatores de violência.

O Censo de 2010 também aponta que as mulheres avançaram mais no grau de escolaridade, desde 2000. Enquanto o percentual de homens com o nível Superior no País era de 9,9%, o de mulheres era de 12,5%.

Para o presidente do Instituto Amazônico da Cidadania (Iaci), Hamilton Leão, o aumento no grau de instrução dos eleitores não representa mudanças significativas na escolha política desse cidadão. “É muito relativo. Existem pessoas com alto grau de instrução, mas que não acompanham a política, ou os problemas da cidade. Há uma diferença muito grande entre o grau de instrução e a politização das pessoas”, disse.

De acordo com o sociólogo e cientista político da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Gilson Gil, o reflexo do aumento no grau de escolaridade do eleitor no processo político está ligado ao nível de informação que ele busca.

Para o especialista não é uma questão de votar melhor ou pior, porque cada um vota conforme a sua necessidade, mas a informação contribui para um debate político mais elevado. “Quanto maior o grau de escolaridade, a tendência é que o eleitor tenha mais acesso a informação através de jornais e da internet, e isso eleva o nível do debate político, que pode ser mais profundo”, disse o especialista.

Interior concentra nível mais baixo

A maioria dos eleitores do Amazonas que não concluíram o Ensino Fundamental é do interior do Estado. Dos 1 milhão de eleitores com esse nível de escolaridade, cadastrados até dezembro de 2013, 527 mil possuem domicílio eleitoral no interior e 513 mil na capital. Chama a atenção o número de eleitores analfabetos, 157 mil pessoas em todo o Estado, sendo que 136 mil ou 86,6% residem no interior e apenas 20,8 mil em Manaus.

A capital concentra o maior número de eleitores de todo o Estado com 1,2 milhão das 2,1 milhões de pessoas aptas a votar no Amazonas, apenas 992 têm domicílio eleitoral no interior.

Na opinião do presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), desembargador Flávio Pascarelli, faltam políticas públicas para mudar o quadro de analfabetos do Estado. “Falta vontade política de alfabetizar as pessoas. Na verdade, talvez não haja é a intenção de alfabetizar a população. Povo sem educação é mais fácil de ser manipulado”, disse.

Pascarelli avalia que as dificuldades dos municípios, como a escassez de recursos e as grandes distâncias, que existem, não são motivos para que a alfabetização não chegue a esses municípios.

Dados do TRE-AM, de dezembro de 2013, mostram que 295 mil pessoas, ou 13,4% dos eleitores do Estado, sabem ler e escrever mas não frequentaram a escola, a maioria mora no interior. Apenas 89 mil são da capital. Manaus concentra o maior número de eleitores com Ensino Médio completo. Dos 308 mil eleitores do Estado com esse nível de escolaridade, 226 têm domicílio eleitoral na capital.

Do Portal D24 am

 

 

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