Para diminuir o tempo de internação necessário para que esses bebês ganhem resistência e peso, o hospital adotou o Método Canguru, aplicado em nove leitos da sua enfermaria de apoio. A técnica consiste em acomodar a criança por quarenta minutos diários no tórax da mãe, preso por uma faixa, para que ele obtenha o calor humano e sinta os seus batimentos cardíacos e a respiração, explica uma das pediatras responsáveis pelo projeto, Paula Roriz.
“Esse contato direto, além de ser muito confortável à criança, remete à sensação de estar novamente dentro do útero pois o bebê consegue sentir os batimentos cardíacos da mãe, o seu calor e a movimentação da sua respiração. Isso é muito importante, pois os prematuros costumam apresentar apneia e com isso se esquecem de respirar com a frequência necessária. Ao ter contato com a respiração da mãe, naturalmente eles se recordam”, explica a pediatra.
Calor humano x hipotermia
Os bebês nascidos prematuramente têm dificuldade para manter o aquecimento corporal, perdendo temperatura rapidamente. A hipotermia, explica a médica, leva à perda de peso e à consequente perda de oxigenação. “A proximidade com o corpo humano ajuda a manter a temperatura do bebê constante, e ainda aumenta o vínculo necessário entre mãe e filho. Estudos comprovaram que esse método reduz de 20 a 30 dias o período de internação, o que ao recém-nascido é fundamental para evitar o risco de contrair infecções”, defende Paula Roriz.
Os pais de primeira viagem Jesé Gomes Leite e Priscila Cristina Macedo de Paula, moradores de Itumbiara, escolheram a maternidade do HMI para ganhar os trigêmeos Ruth, Cristiano e Tiago Salém. Nascidos com 34 semanas e pouco mais de 1,5 kg cada, eles foram conduzidos à enfermaria de apoio onde foram apresentados ao Método Canguru. “Ficamos encantados ao notar como eles se sentem mais confortáveis no contato com o nosso corpo”. A técnica foi tão aceita que até o pai se envolveu com a atividade. Agora, prestes a receber alta, o casal afirma que vai reproduzir o método em casa. “Quanto maior o vínculo, melhor para o desenvolvimento deles”, reflete a mãe.
A dona de casa Rosana Costa Pires, de Anápolis, foi encaminhada ao Materno Infantil para ganhar prematuramente a pequena Maria Clara devido à UTI neonatal. Em sua primeira gestação, o parto também foi prematuro e seu filho Carlos Henrique precisou ser levado direto à incubadora, onde passou 12 dias na UTI neonatal e outra semana inteira interno no hospital. “O hospital que ganhei o meu primeiro filho não oferecia esse Método Canguru, então ficamos um período maior do que o esperado para a Maria Clara”, calcula. Como consequência, o primogênito não chegou a aprender a mamar no peito. “Hoje, recebemos além da aplicação do Método Canguru, orientações sobre a amamentação e os cuidados com o bebê. Me sinto muito melhor amparada para cuidar da Maria Clara”, analisou Rosana.
Já a técnica em segurança no trabalho, Carlúcia Gonçalves dos Santos Silva, tem aplicado o método Canguru em sua primeira filha Rebeca, nascida com 32 semanas. “Sinto que ela tem apresentado facilidade para ganhar peso, e também para respirar. Além disso, ela tem se mostrado mais tranquila, tanto que pretendo continuar com esse sistema quando tiver alta”, afirma.
Para ser encaminhado à Enfermaria de Apoio o bebê precisa ter acima de 1.5 kg e não estar submetido à assistência ventilatória nem à hidratação venosa. “O bebê não pode estar dependendo de nenhum equipamento para ser transferido à enfermaria. Também realizamos uma triagem para identificar as mães que têm disponibilidade de tempo e vontade de participar dessa interação com seus filhos. Os resultados são muito positivos”, explica a pediatra Paula Roriz.
Do Portal do governo de Goiás