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“A esperança está no povo”, por Judite Botafogo

Foto: George Gianni/PSDB

Judite Botafogo Foto George GianniVejo com muito entusiasmo as manifestações pacíficas que estão unindo o País de Norte a Sul, de Leste a Oeste. Um brado de muitas vozes, uma onda de muitas cores, de muito calor, de coração pra sentir…. uma força que emana do peito e da raça, própria de “um povo heróico e de brado retumbante”, que pode até silenciar por algum tempo, mas que não aceita ficar na “travessia”.

Há décadas vozes ecoaram, se através das canções, se das charges, ou das pinturas, das pichações, ou mesmo da geração mimeógrafo para dizer aquilo que foi, por muito tempo, incompreendido por muitos e sufocado por tantos outros. Vozes emudecidas pelo poder que nasceu para emanar o povo, elas disseram tantas coisas que não foram lidas, ouvidas, entendidas… aceitas… e, só depois de muito tempo, se fazem compreender na geração de hoje. Pois é, “debaixo dos caracóis dos teus cabelos há uma história pra contar de um mundo tão distante!”, “Liberdade, abre as asas sobre nós”…

Nos parece que a tão sonhada formação da consciência crítica e reflexiva que a Escola tanto apregoa começa agora surgir como “grãos”. Ir às ruas protestar e ter esse direito garantido é uma forma de empoderamento do cidadão. Não basta apenas perguntar que País é esse? E nada fazer em defesa do País. Ou dizer, “pode ser o País de qualquer um, mas com certeza não é o meu País”. Assumir a consciência é assumir que este é o meu País, é não ficar na travessia. Esses grãos, não são apenas “vozes que clamam no deserto”, mas que sobem morros, descem valados, inundam praias e mandam recados para aqueles que se deleitam na “Sala de jantar” enquanto o povo geme.

A profecia linguístico-literária da Canção Popular há uma década previu: “tem alguém levando lucro, tem alguém colhendo os frutos sem saber o que é plantar…está faltando consciência, está sobrando paciência, está faltando alguém gritar…” Que bom que hoje se pode perceber que não está mais faltando consciência, nem sobrando paciência e muito menos faltando alguém gritar…A voz do povo, de forma uníssona, sem faixa etária, gênero, raça, ou crenças, sem bandeiras partidárias, sem instrumentalização tem uma única filosofia: unir cor, calor, coração pra sentir: “Qual é o País que nós queremos ?…” Oh vida futura, nós te criaremos!
E o discurso da canção é real, tem alguém levando lucro mesmo, e muito lucro… O lucro da Copa, por exemplo, a mais cara de toda a história, exorbitante, e ainda com a perspectiva de bônus do governo para a Fifa através de isenções de impostos que podem chegar a R$ 1 bilhão. O lucro da inflação galopante que desestabiliza qualquer trabalhador, e as mulheres que melhor digam o quanto isso pesa. Mais de 50% das mulheres brasileiras são chefes de família e sabem o que essa inflação representa para o sustento familiar.

O Brasil está, de fato, “como um trem desgovernado e quem trabalha está nas mãos de quem só engana”, bendita a canção. Como o Brasileiro, sobretudo o nordestino, é antes de tudo um forte, mantém a esperança de que “se Deus quiser, tudo, tudo, tudo vai dar pé”. A voz do povo é a voz de Deus, diz o dito popular.

O falso brilho da estrela hoje está opaco pela clareza da consciência, que em muitos esteve amordaçada, mas que agora, como se vê, desperta como um “gigante pela própria natureza” e se levanta e se impõe no espaço que foi sempre seu, Do povo, pelo povo e para o povo. Isso é empoderamento. Queremos exercer verdadeiramente nossa cidadania. Direitos Humanos de Saúde, Educação de qualidade, dignidade e respeito, qualidade de vida, espaço, vez e voz; se o Brasil assim fizer teremos verdadeiramente Direitos Humanos.

Viva o povo nas ruas! Essas vozes são princípios de convicções e que fazem ressurgir a esperança de um novo Brasil, mais justo, mais pacífico, mais humano e mais facilmente habitável pelas gerações futuras. O vandalismo, coisa de poucos, pouco ou nada tem a dizer, mas, a comunicação não violenta já deu provas de que é imbatível.

Viva o povo brasileiro.

3a Vice-Presidente do PSDB-Mulher

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