Artigo de Cristina Lopes Afonso, vereadora do PSDB em Goiânia
Em 1996, 20,81% dos lares tinham como chefe uma mulher, segundo pesquisa do IBGE na época. No Censo realizado em 2000, a porcentagem subiu para 26,55%. Já a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), que teve como ano base 2011, levantamento mais recente do IBGE aponta que 37,4% das famílias têm como pessoa de referência uma mulher.
Os números refletem o novo papel da mulher na sociedade. Ela não apenas cuida da casa, dos filhos e trabalha fora, como em muitos lares seu dinheiro é a parte mais importante do orçamento, quando não a única fonte de renda.
Muito desse crescimento da participação da mulher se deve a sua vocação empreendedora. Além do emprego formal, a mulher consegue reforçar o orçamento com bicos. Vende produtos cosméticos, faz salgadinhos e comida para fora, costura ou vende artesanatos. Ou abre seu próprio negócio.
Esse comportamento tem crescido em todo o mundo nas últimas décadas e as brasileiras estão entre as mais empreendedoras do mundo. Estudo da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) em 2010 mostra que as mulheres são metade dos empreendedores brasileiros (49,3%), o que representa 10,4 milhões de mulheres comandando suas empresas.
Um levantamento feito pelo Sebrae aponta que de cada 100 Empreendedores Individuais (MEI), 45 são mulheres. E cerca de 61 mil delas estão à frente de uma franquia, que fatura até 32% a mais do que as lojas gerenciadas por homens, segundo a consultoria Rizzo Franchise, especializada nesse tipo de negócio.
O aumento da participação feminina na vida econômica do país está intimamente ligado à educação. As mulheres estão cada vez mais instruídas e buscando mudanças na estrutura familiar, optando por famílias com menos filhos e dividindo as tarefas domésticas com os parceiros, como a educação e cuidados com a prole e atividades antes consideradas obrigação feminina.
Hoje ela é dona do dinheiro e responsável pelas decisões de consumo das suas famílias. Elas escolhem quais alimentos entram na geladeira, a escola dos filhos, a compra do carro e até mesmo do imóvel. E estão em par de igualdade com os homens, dentro de casa.
Apesar dos avanços sociais, na esfera política a participação da mulher ainda é pequena. Mesmo tendo no cargo máximo do executivo brasileiro – a Presidência da República – uma mulher no comando, ainda temos pouca representatividade na política visto que somos 51,7% dos eleitores do país.
Em um ranking que avalia a penetração política por gêneros em 146 países, preparado pela União Interparlamentar, o Brasil ocupa o modesto 110º lugar, atrás de nações como Togo, Eslovênia e Serra Leoa.
Atualmente, a participação das mulheres na Câmara dos Deputados é de 9%, número semelhante aos 10% registrados no Senado. São Paulo, a maior cidade do País, possui os mesmos 9% de vereadoras na Câmara Municipal. No Poder Executivo, a situação não é diferente: das 26 capitais, somente duas têm mulheres como prefeitas. Na Câmara de Vereadores de Goiânia somos apenas quatro mulheres num total de 35 parlamentares.
A tímida representação feminina no Poder Legislativo se mantém inalterada mesmo depois da aprovação da Lei Eleitoral 9.100, promulgada em 1995, segundo a qual 20% dos postos deveriam ser ocupados pelas mulheres.
Em 2010, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) promoveu uma reforma na lei, tornando obrigatória 30% a proporção mínima de participação das mulheres, mas os partidos políticos alegam dificuldades em atrair as mulheres para seus quadros.
Donas do seu dinheiro, inseridas na vida social e econômica do país chegou a hora das mulheres mostrarem sua faceta política e deixarem de lado papel de coadjuvantes no cenário político brasileiro. Chegou a hora das mulheres mostrarem que – como os homens – são seres políticos capazes de tomar as decisões e as rédeas do Brasil.