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Por que nós?

Por Maria Teresa Assis Lemos Marques de Oliveira Tieza

Somos mais práticas, entendemos da emergência, fazemos mil coisas ao mesmo tempo, reconhecemos as razões do choro, até dos recém-nascidos, damos à luz à cria e a vida pela cria, algumas amamentam (que milagre é esse). Sabemos amar, restaurar, refazer, sabemos preparar o terreno, semear, plantar, colher e zelar da árvore que não dá mais fruto. Pedimos pelos nossos, pelos conhecidos e por quem nem conhecemos.  Não nos envergonham as lágrimas contidas, escondidas e as lágrimas exibidas. Somos mulheres.

Pacientes e perseverantes, destruir nos assusta, construir nos anima. O belo nos atrai; a vida nos alegra. Sabemos sorrir na amargura e consolar no desespero. Lavamos roupa cantando. Escorregamos, caímos, perdemos o chão e nos reerguemos: uma puxadinha na saia, arrumadinha nos cabelos, ombros erguidos, equilíbrio no salto e pronto. Olha a gente aí de novo. Somos mulheres.

Houve um tempo em que alguns desses atributos eram absolutamente desnecessários. O mundo precisava ser desbravado – e foi, até demais. Frieza, objetividade e rivalidade, valores masculinos, governaram desde o neolítico. Não mediram a força. A ousadia deles transformou o planeta e ofereceu conforto e conhecimento mas também o caos.

Surgiram as minorias, desrespeitadas nos seus direitos, desassistidas nas suas necessidades, violentadas, desprezadas, gente com dor, dor de todo jeito. E com tantas mazelas, a pergunta: reinventar a vida ou sucumbir na escuridão? Mas, se a resposta for “a vida”, então o apelo é para que as deusas do amor e da alegria do espaço privado se transformem – com urgência – nas guardiãs da humanidade e da firmeza nos espaços públicos, historicamente pertencentes aos homens.

Re-humanizar o mundo passou a ser tarefa nossa, inadiável, e se estamos sendo chamadas é porque temos coisas a fazer, e quando se tem coisas a fazer, melhor começar a fazê-las. A família não depende mais só do homem para sua sobrevivência e ninguém mais espera que mulher fique em casa, só como mãe e zeladora, então está decretado: mulheres podem – e devem – compartilhar atividades e responsabilidades, e junto com homens, reinventar a vida, e juntos, legislar e administrar para um mundo de homens e mulheres, bem mais de mulheres que de homens.

 

*Vereadora e presidente em exercício do Secretariado Estadual de Mulheres do PSDB-SP 

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