Como sempre, em um regime democrático, coube à imprensa denunciar mais dois escândalos do governo petista na Presidência da República, de envergonhar os brasileiros e aos próprios petistas, vestais da moralidade e da transparência, pelo menos da boca pra fora.
Como explicar um governo de um partido que, como ele mesmo gosta de bradar em seus documentos, discursos e comemorações, nasceu no movimento sindical usar o aparelho repressor do Estado para vigiar sindicalistas?
Como aceitar, que num regime democrático, conquistado a duras penas, com lutas, mortes e prisões de sindicalistas, esse mesmo governo use a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para identificar e monitorar o movimento sindical portuário de Suape (PE), insatisfeito com a proposta oficial de reforma dos portos?
É anacrônico, paradoxal e absurdo!
O governo PT, comandado por uma ex-militante, presa e condenada no regime militar, vigiando e monitorando um legítimo movimento de uma categoria profissional em defesa dos seus interesses trabalhistas e do país. Até onde chegará essa arrogância petista, essa falta de respeito ao Estado de Direito, com essa incoerência politica e desrespeito ao seu próprio passado?
A face autoritária do novo regime opressor, dessa vez com a veste petista, mostra seu modo de pensar e agir quando torna “segredo de Estado” empréstimos do BNDES da ordem de 900 milhões de reais para dois países: Cuba e Angola.
Que interesses seriam esses? Que negócios o Brasil tem com Cuba e Angola que a nação e seu povo não possam tomar conhecimento? Quem ganha com esse inusitado sigilo?
A suspeita é a de que tanto sigilo, tanto segredo, tanta cautela em divulgar como e onde foram aplicados os recursos do BNDES servem para proteger pessoas e empresas, como o ex-presidente Lula, que já revelou que sua viagens ao exterior servem para abrigar negócios escusos. Afinal, quando não se revela os dados, eles se cobrem de um véu escuro, negro, provavelmente para esconder o “mal feito”.
Mas esse é o método petista de governar e de atuar politicamente. Na oposição, cobram informações. No governo, as omitem. Na oposição, querem a imprensa livre. No governo, lutam para criar mecanismos de controle da imprensa.
Querem transparência, discursam, exigem isso nos governos dos outros. No deles, ouve-se ilegalmente sindicalistas, fecham-se as portas de acesso a informações públicas, como no caso dos empréstimos a Cuba e Angola.
É nesse contexto de fazer política que se encaixa o palavreado vociferado pelo governador gaúcho, o petista Tarso Genro, que no “Fórum da Igualdade” promovido por sindicalistas simpatizantes ao atual status quo, atacou mais uma vez a liberdade de imprensa.
No mínimo é de se estranhar que um advogado, ex-ministro da Justiça insista na chamada “regulação da mídia” , com a mudança da Constituição, e diga que “mais de 80% da programação de rádio e TV teria que sair do ar se a Constituição fosse respeitada”.
Mais uma vez, o ex-defensor das liberdades democráticas nos tempos da ditadura militar se volta contra um poderoso baluarte da democracia, que é a liberdade de expressão e da imprensa.
Ministro da Justiça e presidente do PT nos tempos da revelação, pela imprensa, do mensalão, Tarso Genro foi mais além ao criticar o Supremo Tribunal Federal (STF) por ter aceito a condenação da mídia.
É outro petista que mostra todo o paradoxo e o anacronismo de um partido que, surgido das lutas sociais e do combate a ditadura, quer se valer da democracia conquistada para impor a deles.
Thelma de Oliveira, Presidente Nacional do Secretariado da Mulher